Percorrendo os orkuts alguns dias atrás, entrei no do Caio M. e acabei dando de frente com a comunidade desse filme. Resolvi dar uma olhada, já que o Caio tem um ótimo gosto pra filmes, e dono de uma inteligência perturbadora, creio que uma vez me contou sobre esse filme. Muito obrigado pela dica. Espero que essa sua ausência no msn termine em breve ok?
“The Fountain” é um filme difícil de explicar. Em última análise é uma simples história de amor. Mas é muito mais do que isso. “The Fountain” é profundamente espiritual e transcendentemente belo. Um filme especial. E surreal.
O realizador e argumentista Darren Aronofsky (“Pi”, “Requiem for a Dream”) reparte a narrativa em três momentos e espaços distintos: a época das conquistas quinhentistas, o presente e o futuro. Tomas (Hugh Jackman) é um conquistador espanhol em busca da Árvore da Vida no Novo Mundo a mando da Rainha Isabel (Rachel Weisz); Tom Creo é um cientista em busca de uma cura para o cancro na tentativa de salvar a sua mulher Izzi (novamente Weisz); Tommy é um ser do futuro viajando numa bolha transportando a Árvore da Vida para Shibalba, uma nebulosa que os Maias acreditavam ser o portal para um outro plano existencial.
É graças à sensível estética de Aronofsky e à fotografia de Matthew Libatique que se conseguem momentos tão belos e intensos como uma respiração no pescoço da pessoa amada. Os close-ups conduzem-nos ao centro da tragédia que se desenrola, e a força das interpretações, em especial a apaixonante profundidade de Jackman, tornam esta uma experiência de grande intimidade.
Cada um dos três ambientes está cuidadosamente criado, e Aronofsky consegue interligá-los sem perder a especificidade de cada uma das narrativas. Sem referências estanques a qualquer religião em concreto, estes três planos de existência estão unidos por um amor comum. Aqui, esse amor traduz-se numa mesma pessoa (Isabel-Izzi), mas, se quisermos ir mais longe, o amor, na sua essência, é algo muito mais universal. É ele o motor das acções, da vida. Salvá-lo para sempre é atingir a imortalidade. Mas, nessa busca incessante, é fácil ficarmos cegos perante aquilo que o presente nos oferece. E perante o carácter finito da viagem existencial que neste momento partilhamos surge a questão: será que o envelhecimento e a morte fazem parte da vida ou são – como é dito em certo momento – apenas uma doença para a qual ainda não encontrámos a cura?
Talvez estas divagações sejam a concretização do conceito que Aronofsky pretendia criar com este filme: o de “ficção científica metafísica”. Para mim “The Fountain” é uma aventura espiritual, simultaneamente serena e inquietante.
Um filme que vale a pena ver, pensar e tentar compreender!
Enjoy³